Encerramento do Vídeo Índio Brasil celebra o encontro e o respeito à diversidadeO Vídeo Índio Brasil 2009 foi encerrado na noite de domingo, após uma semana de debates,
seminários, exibições e, principalmente, de aproximação entre indígenas e brancos em torno de filmes e com um único compromisso: o do respeito às diferenças.
De segunda-feira (10) a domingo (16), circularam pelos 16 pontos de exibição cerca de 15 mil pessoas, entre realizadores indígenas, estudantes de diversas faixas etárias, antropólogos, sociólogos, cineastas indígenas e não-indígenas, jornalistas, professores, produtores culturais e entusiastas do cinema, e a população em geral. Esse público circulou entre os seminários, os debates, as exibições, a exposição fotográfica Cineastas Indígenas e na área de convivência do CineCultura, onde foi erguida uma oca terena.
A noite de encerramento celebrou a proposta do Vídeo Índio Brasil, de estimular o debate sobre a questão indígena através do audiovisual, instrumento cada vez mais importante para revelar a identidade e as tradições das populações de todo o mundo.
Ainda na tarde de domingo, o Vídeo Índio Brasil recebeu na sala de exibições do CineCultura os 19 alunos da Oficina de Produção Audiovisual Indígena, que receberam seus certificados de participação. Desde o dia 07 deste mês, esses jovens indígenas passaram os dias tendo aulas de fotografia, enquadramento, elaboração de roteiros e outros elementos da produção cinematográfica com os cineastas Ivan Molina, Joel Pizzini, Paulinho Kadojeba e Divino Tserewahú.
Antes da entrega dos certificados, foram exibidos os curtas produzidos pelos alunos que participaram das oficinas. No decorrer de dez dias, os indígenas montaram seus primeiros curtas-metragem de estreia. Eles deram um importante passo rumo ao domínio dessa ferramenta para afirmação de suas tradições, ou, como dizem os adolescentes da AJI (Ação Jovens Indígenas), de Dourados, que apresentaram um filme no Vídeo Índio Brasil 2009, "o audiovisual é como a flecha dos antigos".
À entrega de certificados se seguiu a exibição do documentário "Hotxuá", dirigido pela atriz Letícia Sabatella e Gringo Cardia sobre os índios Krahô, do Tocantins. Ao fim do longa, o sacerdote do riso Ismael Apract Krahô e o indigenista Ulysses Monteiro, que há 11 anos vive entre os índios, conversaram com a plateia e contaram que na primeira vez em que Letícia foi até à aldeia, há cerca de cinco anos, ela presenciou uma série de brincadeiras feitas pelo hotxuá, durante a Festa da Batata, e se apaixonou.
Ismael ainda relatou à plateia que o hotxuá de uma aldeia é aquele que, desde pequeno, gosta de fazer brincadeiras, de fazer as pessoas rirem.
A noite de encerramento ainda seguiu, após o bate-papo com o hotxuá, na área externa do CineCultura, onde índios terena da Aldeia Limão Verde, de Aquidauana, apresentaram a Dança do Bate-Pau, também conhecida como Dança da Ema, pois os participantes usam roupas confeccionadas com as penas da ave.
BALANÇO O Vídeo Índio Brasil deste ano teve um total de 285 atividades, 40 convidados de diversas regiões do Brasil e do mundo e 40 filmes em cartaz. Na plateia estiveram entre outros indígenas de escolas de Ensino Fundamental e Médio, caciques, pajés, professores, sociólogos, antropólogos, jornalistas, cineastas, universitários e entusiastas do cinema e do debate sobre as questões indígenas.
Além das mostras de filmes produzidos por indígenas, por brancos, por latino-americanos e por nativos canadenses, o Vídeo Índio Brasil ainda teve a exposição "Cineastas Indígenas", que mostra os bastidores das produções do projeto Vídeo nas Aldeias, que esteve presente na programação também com o lançamento de uma coleção de DVDs de mesmo nome, com dois filme de Divino Tserewahú.
Durante os dez dias em cartaz, o Vídeo Índio Brasil recebeu um imenso time de convidados, envolvendo cerca de 110 pessoas em sua produção. O evento foi coordenado pelo Pontão de Cultura Guaicuru, de Campo Grande, com o patrocínio da Funai, do Ministério da Cultura e do Ministério do Turismo.
A notícia é da Vídeo Índio Brasil
As fotos são de Elis Regina.
Marcadores: Postado por sidney de Albuquerque