22 novembro, 2006

KUTI ÛTI ? (QUEM SOMOS NÓS?)


KUTI ÛTI? - Há muitos mitos criados em função da incompreensão do mundo indígena. Vida indígena enquanto individuo circunda e se interagem na forma de família, que se agregam em forma de clãs, para prontos se abrigarem todos em forma de comunidade. Esse é o nosso modo de vida. Monolítica enquanto defesa. Absoluta para impor-se sobre a exclusão. Vida indígena é ordenada e perfeita, e em obediência a essa ordem exige a manutenção dos fundamentos estruturadores, a saber: o mundo social, o espiritual e a sua tradição ou memória. Incompleta as atribuições se desordenam, ocasionando então conflitos de ordem individual e coletiva. Na sociedade indígena não existe exclusão. Durante a gestação até o nascimento de uma criança, mobilizam-se todos os membros daquela estrutura monolítica, abrindo espaço para inserção na família e na comunidade desse pequeno e importante individuo, e todos durante a vida útil até a velhice, atribuir-lhe-ão atividade que permite dar resposta ao “kuti uti?” ou seja quem somos?. Convém como exemplo, conhecer a tarefa da mãe nesse mundo organizado, principalmente para a escola convencional, que pode com aparato em uso, estar estabelecendo outra dimensão, que sem querer, desobrigou um ente vital, da natural e importante missão de educar. Ao impor-se, então, nessa condição esta escola, disvirtuada da nobre missão de ensinar, para fator de desagregação na comunidade, pois ocupou no espaço indígena um lugar reservado pela comunidade, a figura materna. O modo de ser da escola ao impor-se sobre o modo de vida da comunidade, nesse caso através do papel da mãe, de imediato atua sobre o individuo e ali tem inicio o ciclo desagregador, que em cadeia há de atuar sobre toda a comunidade, pois sobreocupou uma função e então ali se verifica a corrosão de um pilar estruturador.
Autor: Lisio Lili - Consultor Indígena