05 setembro, 2009

III Seminário Povos Indígenas e Sustentabilidade exibe Terra Vermelha Por Caroline Maldonado - 2009-09-04

No dia 9, às 19h30min, o filme Terra Vermelha será exibido no bloco A da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), durante o III Seminário Povos Indígenas e Sustentabilidade. O filme de Marco Bechis, gravado em Mato Grosso do Sul, em 2008, que contou com a atuação de indígenas Guarani Kaiowá trata do conflito gerado pela disputa de terras entre a comunidade indígena e os fazendeiros da região.

Após a exibição haverá debate com o professor Kaiowá, Natanael Vilhalva, com o diretor de cultura do Pontão de Cultura Guaicuru, Belchior Cabral e o coordenador do curso de Jornalismo da UCDB, Jacir Zanatta. O mediador será o professor e pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas (Neppi), José Francisco Sarmento.

As inscrições para participação no seminário terminam hoje, dia 4, e podem ser feitas pela página na internet www.rededesaberes.org/eventos. O valor da inscrição para graduandos é R$ 10,00, para pós-graduandos e participantes de movimentos sociais R$ 20,00, professores e demais interessados pagam R$ 30,00. Outras informações pelo e-mail seminario@neppi.org ou pelo


telefone (67) 3312 3616.




Sequencia do Seminário
Também acontece como continuidade do III seminário o IV Encontro dos Academicaos Indìgenas, que sera realizado no dia 11/09 apartir das 7h30 no Anfiteatro da Biblioteca da UCDB com encerramento previsto para as 17h.
Estarão presente no evento representante do Ministério Público Estadual FUNAI, Funasa, Setas e coordenadores acadêmicos e professores e representantes de outras IES: UCDB, UEMS, UFMS e UFGD.
A Coordenação convida todos os acadêmicos e pesquisadores de assuntos indígenas a participar deste grande encontro de reflexão relacionado ao acadêmicos índios de MS (com Sidney de Albuquerque)

4ª Encontro de Academicos Indigenas


1ª Beleza Indígena do Pantanal MS



Índia terena vence concurso de beleza indígena em MS
Candidatas desfilaram com trajes típicos e acessórios feitos por elas.Segunda e terceira colocadas também são da etnia terena.
Índia terena Valéria Figueiredo, 18 anos, venceu o 1º concurso de Beleza Indígena do Pantanal (Foto: Viviane Cunha/Fundação Manoel de Barros)
A índia terena Valéria Marcelino Figueiredo, 18 anos, foi a vencedora do 1º concurso de Beleza Indígena do Pantanal, que elegeu, no sábado (25), a índia mais bonita de Mato Grosso do Sul. Em segundo e terceiro lugar ficaram as também terenas Fernanda dos Santos Mendes, 17 anos, e Yasmin Nogueira Takaiama, 14 anos, respectivamente.
De acordo com a organização do evento, a participação das candidatas empolgou os espectadores. “A mulher indígena sofre duplamente o preconceito da sociedade, por ser indígena e mulher. O 1º Beleza Indígena do Pantanal exaltou a nossa beleza e mostrou a nossa riqueza cultural. Foi emocionante", diz a terena Silvana Dias de Souza, uma das idealizadoras do concurso.
O concurso ocorreu em Campo Grande, no Parque do Sóter, e reuniu 17 candidatas das etnias ofaié, terena, guarany kaiwá, atikum, kadiwéu e guató. As concorrentes ao título foram escolhidas nas edições locais do Beleza Indígena realizadas nas aldeias. O processo foi acompanhado pessoalmente por Silvana.
As índias desfilaram com trajes típicos e acessórios produzidos por elas mesmas. Na torcida, membros das tribos lotaram o parque. Além de um prêmio simbólico em dinheiro, a primeira colocada ganhou uma televisão; a segunda colocada, uma câmera fotográfica digital; e a terceira, um book fotográfico.

24 agosto, 2009

VÍDEO ÍNDIO BRASIL 2009

Encerramento do Vídeo Índio Brasil celebra o encontro e o respeito à diversidade

O Vídeo Índio Brasil 2009 foi encerrado na noite de domingo, após uma semana de debates,
seminários, exibições e, principalmente, de aproximação entre indígenas e brancos em torno de filmes e com um único compromisso: o do respeito às diferenças.
De segunda-feira (10) a domingo (16), circularam pelos 16 pontos de exibição cerca de 15 mil pessoas, entre realizadores indígenas, estudantes de diversas faixas etárias, antropólogos, sociólogos, cineastas indígenas e não-indígenas, jornalistas, professores, produtores culturais e entusiastas do cinema, e a população em geral. Esse público circulou entre os seminários, os debates, as exibições, a exposição fotográfica Cineastas Indígenas e na área de convivência do CineCultura, onde foi erguida uma oca terena.
A noite de encerramento celebrou a proposta do Vídeo Índio Brasil, de estimular o debate sobre a questão indígena através do audiovisual, instrumento cada vez mais importante para revelar a identidade e as tradições das populações de todo o mundo.
Ainda na tarde de domingo, o Vídeo Índio Brasil recebeu na sala de exibições do CineCultura os 19 alunos da Oficina de Produção Audiovisual Indígena, que receberam seus certificados de participação. Desde o dia 07 deste mês, esses jovens indígenas passaram os dias tendo aulas de fotografia, enquadramento, elaboração de roteiros e outros elementos da produção cinematográfica com os cineastas Ivan Molina, Joel Pizzini, Paulinho Kadojeba e Divino Tserewahú. Antes da entrega dos certificados, foram exibidos os curtas produzidos pelos alunos que participaram das oficinas. No decorrer de dez dias, os indígenas montaram seus primeiros curtas-metragem de estreia. Eles deram um importante passo rumo ao domínio dessa ferramenta para afirmação de suas tradições, ou, como dizem os adolescentes da AJI (Ação Jovens Indígenas), de Dourados, que apresentaram um filme no Vídeo Índio Brasil 2009, "o audiovisual é como a flecha dos antigos".
À entrega de certificados se seguiu a exibição do documentário "Hotxuá", dirigido pela atriz Letícia Sabatella e Gringo Cardia sobre os índios Krahô, do Tocantins. Ao fim do longa, o sacerdote do riso Ismael Apract Krahô e o indigenista Ulysses Monteiro, que há 11 anos vive entre os índios, conversaram com a plateia e contaram que na primeira vez em que Letícia foi até à aldeia, há cerca de cinco anos, ela presenciou uma série de brincadeiras feitas pelo hotxuá, durante a Festa da Batata, e se apaixonou.
Ismael ainda relatou à plateia que o hotxuá de uma aldeia é aquele que, desde pequeno, gosta de fazer brincadeiras, de fazer as pessoas rirem.
A noite de encerramento ainda seguiu, após o bate-papo com o hotxuá, na área externa do CineCultura, onde índios terena da Aldeia Limão Verde, de Aquidauana, apresentaram a Dança do Bate-Pau, também conhecida como Dança da Ema, pois os participantes usam roupas confeccionadas com as penas da ave.
BALANÇO O Vídeo Índio Brasil deste ano teve um total de 285 atividades, 40 convidados de diversas regiões do Brasil e do mundo e 40 filmes em cartaz. Na plateia estiveram entre outros indígenas de escolas de Ensino Fundamental e Médio, caciques, pajés, professores, sociólogos, antropólogos, jornalistas, cineastas, universitários e entusiastas do cinema e do debate sobre as questões indígenas.
Além das mostras de filmes produzidos por indígenas, por brancos, por latino-americanos e por nativos canadenses, o Vídeo Índio Brasil ainda teve a exposição "Cineastas Indígenas", que mostra os bastidores das produções do projeto Vídeo nas Aldeias, que esteve presente na programação também com o lançamento de uma coleção de DVDs de mesmo nome, com dois filme de Divino Tserewahú.
Durante os dez dias em cartaz, o Vídeo Índio Brasil recebeu um imenso time de convidados, envolvendo cerca de 110 pessoas em sua produção. O evento foi coordenado pelo Pontão de Cultura Guaicuru, de Campo Grande, com o patrocínio da Funai, do Ministério da Cultura e do Ministério do Turismo.
A notícia é da Vídeo Índio Brasil
As fotos são de Elis Regina.

Marcadores:

SIMPÓSIO DE RELIGIÃO

O grupo de pesquisa em História e Religiões do Departamento de História e do programa de Pós Graduação em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo realizou no ano de 2008 o I Colóquio Nacional História das Religiões, Teoria e Metodologia: A Escola Italiana fruto de seu trabalho de pesquisa sobre esta importante escola de pensamento na área de História e Religiões sediada na Universidade de Roma Sapienza, Itália. Esta escola possui um importante conhecimento acumulado de pesquisas e desenvolvimento teórico-metodológico que direcionam e podem ser de valiosa contribuição para o desenvolvimento para a área no Brasil. As pesquisas e trabalhos da Escola Italiana de História das Religiões, mas precisamente nas produções de Vittorio Lanternari, Raffaele Pettazzoni e Ângelo Brelich possibilitam uma base teórica e definidos a partir de dado momento histórico-cultural.

No intuito de aprofundar suas pesquisas e introduzir as teorias dessa instituição no Brasil, o grupo de pesquisa, através do projeto de Pós Doutoramento do professor Elton de Oliveira Nunes, convidou, com o apoio científico da FAPESP, o professor Nicola Gasbarro, formado na Sapienza e professor titular da Universidade de Udine-Itália para uma série de conferencias no Brasil, com a participação de diversos professores da USP, UNICAMP e PUC/SP sobre teoria e metodologia em História das Religiões.

26 setembro, 2008

Rreunião em Campo Grande

GEF INDÍGENA
PROJETO DE PREPARAÇÃO do PRODOC
Catalisação da contribuição das Terras Indígenas para a conservação dos ecossistemas
florestais brasileiros


Orientação Metodológica e Ferramentas para Coleta e Sistematização dos Dados

Uma Abordagem Inovadora à Proteção das Terras Indígenas


Os povos indígenas há muito desenvolveram sistemas elaborados de
conhecimento sobre a ecologia e os usos práticos dos recursos da flora e
fauna como base para suas estratégias de subsistência. Todavia, os povos
indígenas e outras populações tradicionais têm sido com freqüência
descritos como obstáculos à modernização e ao desenvolvimento econômico,
especialmente quando interesses poderosos concorrem pelo acesso aos
recursos naturais e por seu uso.
Essas concepções errôneas estão se tornando a exceção no Brasil, com o
apoio de iniciativas como o Projeto Integrado de Proteção às Populações e
Terras Indígenas da Amazônia Legal (PPTAL) e o projeto Reservas
Extrativistas (RESEX) do Programa Piloto. Por meio desses projetos, tem-se
tornado cada vez mais evidente que as populações tradicionais são uma parte
importante do mosaico de soluções necessárias para a promoção da proteção
ambiental e o desenvolvimento sustentável na Amazônia e em outras regiões
de florestas tropicais.
Os objetivos específicos também incluíam a promoção da participação indígena na regularização da terra e nas atividades de proteção, aperfeiçoando os procedimentos de regularização e desenvolvendo metodologias apropriadas para a avaliação ambiental dos recursos naturais nas terras indígenas.
Os resultados do projeto têm sido impressionantes, incluindo a demarcação de
territórios indígenas das terras indígenas já demarcadas concluiu as últimas etapas de registro e finalização por decreto presidencial.
• Experimentação e demonstração em produção sustentável e
gestão de recursos, envolvendo atividades em áreas como
silvicultura, manejo de florestas e da pesca, com ênfase
particular nas iniciativas comunitárias
• Fortalecimento institucional com vistas a aumentar a capacidade dos governos estaduais e municipais de formular e implementar políticas ambientais descentralizadas.
.

23 maio, 2007

Palestra do Fórum Social do Mercosul - "Lisio Lili"


Aconteceu...

Palestra do Fórum Social do Mercosul - "Lisio Lili"

Chamada convoca latinos para Fórum Social do Mercosul

Palestra com "Lisio Lili - O PROTAGONISMO INDÍGENA E A INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA"

Lisio Lili é "Líder da Comunidade Terena e membro da Federação Indígena Internacional"

Dia: 15 de maio 2007
Horário: 16 horas
Local: Auditório do SENGE - Pr
Endereço: Rua: Marechal Deodoro, 630 - 22º andar

Apoio: SEAE - Secretaria de Estado de Assuntos Estratégicos, CELEPAR - Companhia de Informática do Paraná e Assessoria Especial de Governo para Assuntos de Curitiba.

Contamos com a sua participação

Fórum Social do Mercosul - 05 a 07 de julho de 2007

Fonte: SEAE - 14/05/2007[/url]

Acesse nossa galeria de fotos

fonte:

© 2004 - Secretaria Especial para Assuntos Estratégicos - SEAE
Rua Deputado Mário de Barros, 1556 - Centro Cívico - 80530-280 Curitiba - PR
Telefone: 41 3350-1212 | 3350-1270 | 3350-1275 - Fax: 41 3350-1296

21 maio, 2007

Reunião na Fundação Biótica


30 novembro, 2006

Marcos Terena

ÁGUA É VIDA! BEM SAGRADO QUE NÃO SE PODE VENDER!
(*) Marcos Terena

E A ÁGUA TROUXE A NOVA CIVILIZAÇÃO...
Há muitos anos atrás como donos naturais de nosso habitat e guardiões únicos do meio ambiente e seus valores para a qualidade da vida, nossos velhos e nossas mulheres sabiam ensinar aos mais novos como escutar, sentir e respeitar a voz sagrada da terra, dentro de um relacionamento com equilíbrio social, econômico e espiritual. Um dia os primeiros homens brancos chegaram através das águas, trazendo sua forma de colonizar com a promessa de uma civilização moderna e desenvolvida. Não sabíamos que estávamos sendo troféus de uma nova “descoberta” e que a partir desse primeiro contato seríamos transformados em selvagens, improdutivos e incapazes. Seres sem qualquer valor. Agora quando iniciamos a fase de um novo milênio, estamos “descobrindo” uma civilização moderna de alta tecnologia construída através de um sistema que empobrece a humanidade e o meio ambiente, mas que não consegue evoluir nos relacionamentos da diversidade humana, por isso mesmo, uma civilização que não pode dar certo. Apesar de todo avanço da colonização e da catequese, nossos ancestrais nos ensinaram a continuar cultivando a vida e usufruindo da natureza. São valores jamais decifrados pelo homem branco. A civilização colonizadora do homem branco impõe-se também com seus poderes bélicos e econômicos, e com isso, não são capazes de responder suas ansiedades e contradições. No entanto, parte dessa mesma sociedade, sensível e inspirada pelo espírito da natureza vislumbram nos Povos Indígenas e suas terras, a possibilidade de um mundo melhor, principalmente no respeito e na valorização ao bem comum, os recursos naturais, as plantas medicinais, alimentares e a água de beber. Nossa preocupação nasce dessa contradição. Quem vencerá? Aqueles que olham o meio ambiente como barganha exclusivamente economicista, individualista e monetária, ou aqueles que possuem o olhar indígena, coletivo, onde os donos são todos e cuja riqueza não se mede e nem se vende. Temos consciência de que todas as relações da tecnologia e da modernidade desse novo século, continuam baseadas em valores materiais que separa a humanidade em ricos e pobres. São valores que coloca os direitos humanos na forma exclusiva para contemplar o direito dos Estados e os direitos individuais, onde direitos coletivos não são compreendidos e muito menos assegurados. A Terra por isso, com seus bens naturais, minerais e ecológicos não é vista como um patrimônio sagrado dos Povos Indígenas, onde o respeito espiritual, ou o usufruto desses bens é de responsabilidade e direito de todos. Quinhentos anos depois de sua chegada, a civilização moderna ainda está tateando como um cego que busca uma luz para caminhar bem. Uma das mais belas noções de bens coletivos está a água como líquido que alimenta a terra tal como o sangue no corpo humano. Água é vida! Bem Sagrado que não se pode Vender, cujo equilíbrio natural é o bem viver, integral e complementar, que não se traduz em palavras mas na capacidade de sentir, vivenciar e compreender nossa parte nessa cadeia da vida! Fomos educados como pedaços integrais desse ecossistema. Por isso, lutamos pela demarcação de nossos territórios dentro de um significado: Direito coletivo que nunca se desconecta da tradição cultural e espiritual com o Grande Criador. A voz indígena sempre foi baseada na sinceridade e na simplicidade do canto dos pássaros, nos sinais da terra, do vento, das águas e das estrelas, jamais esmoreceu no seu canto alegre, apenas deixaram de ouvi-la.

Marcos Terena - Presidente do Comitê Intertribal (ITC)

Pedagogia da Oralidade



Pedagogia da Oralidade
Por: *Lisio Lili

Nas sociedades indígenas a oralidade tem muita importância. Insistir em validar entre eles, aquele conhecido adágio de que vale o que está escrito, não subsistiria, pois lá vale a palavra falada.

Na sociedade indígena a palavra expressa, equivale ao valor dado ao direito impresso na sociedade ocidental. É recorrente ouvir, quando pretendemos validar determinada vontade, nessa sociedade, a expressão, isso esta escrito!

Na sociedade indígena é diferente, a base para fundamentação daquela determinada vontade está relacionada a memória, a origem, a aquilo que o antepassado disse. Ao fundamentar determinada vontade hão de dizer, isso foi dito!

Os índios dão muito valor na palavra, pois promove a interlocução, exercita a memória, prepara argumentos, fortalece os vínculos, na verdade estimula duas capacidades que são ouvir e falar.

Entre os índios, tanto a mulher quanto os mais velhos tem papeis de destaque, pois são responsáveis pela manutenção da oralidade, por elas são transferidas os ordenamentos da boa relação na comunidade, restando aos mais velhos a transferência da memória.

Na sociedade indígena a pedagogia da oralidade precede a pedagogia da leitura e da escrita, pois entre eles a comunicação é parte de um estratégico código de sobrevivência. Registrar para muitos, até aos dias de hoje, é disponibilizar intimidade.

A oralidade entre os índios é a mantenedora da democracia da informação, desestimuladora permanente da exclusividade da noticia.

A singularidade da oralidade indígena é imensa, na sociedade kadiweu, alguns vocábulos são exclusivamente femininos, entre os kaiowás guaranis, periodicamente os nomes das crianças são substituídas.
Como registrar?

texto: Lisio Lili é Coordenador das Organizações Indígenas e Presidente do Parlamento Indígena do Pantanal

28 novembro, 2006

CONSCIÊNCIA HISTORICA – REESCREVENDO AS ESTÓRIAS E HISTÓRIAS DOS INDIOS NO BRASIL




Êxiwa - A Cosmovisão Terena
Por: *Lisio Lili

Ôpi, uma tia muito querida, recentemente perdeu uma das filhas que residia em Mogi das Cruzes, no Estado de São Paulo. Os filhos preocupados com a sua saúde, dado a idade de mais de 80 anos, resistiam em comunicar-lhe do falecimento. Dias depois, os seus netos André José, Diretor de uma conceituada Instituição Educacional e Jader Jorge de Oliveira, Presidente de representativa missão indígena, foram visitá-la, preocupados como seriam recebidos, pelo fato de que a omissão acabou chegando ao seu conhecimento.

Na recepção, a avó foi logo verbalizando sua indignação, ante a indelicazadeza de não ter merecido sequer aviso do passamento da filha, ambos replicaram argumentando que certamente as pessoas agiram de boa fé, no sentido de preservá-la de sofrimento.

Contra-argumentou, ante os netos atônitos, de que não se chateará com as pessoas, mas com a falha reprovável do sonho, que se furtará do seu papel de anunciar.

Os terenas correlacionam o mundo secular e espiritual. Os lideres espirituais transitam ou buscam informações e conhecimentos no Exiwá. Esse estagio é o que denominam de cosmovisão. Deposito de todas as respostas da vida terena. Alimentadora da tradição terena.

È na cosmovisão que estão informações necessárias para a leitura e compreensão da vida terena. É ali que os desarranjos são detectados. Os desarranjos são compreendidos como parte do viver terena, de forma que anualmente por ocasião do Hanaitî Kaxê (Grande Dia) todos os desarranjos são rearrumados.

No mundo real as desavenças presentes são objetos de acerto. São de toda ordem, desde as de ordem familiar até aquelas referentes aos conflitos de clãs. A derradeira instancia da conciliação é denominada Ipuhônoneoti, acerto definitivo de contas entre as partes.

Os desarranjos precisam sofrer reparos, porque no mundo terena o porvir é presente e não futuro, sendo muitas vezes incompreensível o perdão e a graciosidade, pois a estrutura indígena, agredida desarranja.

Nesse evento, por ocasião da presença no céu da estrela Ûve, entre os meses de maio a junho, que significará o final e inicio do calendário terena, há uma conferencia entre os lideres espirituais no sentido de conhecer as expectativas do futuro.

Edgard Morin, pensador francês, diz que o milênio que chega, está totalmente embarcado na incerteza sobre o porvir, Lucio Flores, sociólogo terena, diz que as certezas dantes imutáveis permite pensar que é chegada a hora do mundo cristão ser indianizado pelo mundo indígena, Tia Ôpi, cujo pensamento ainda que simbólico, mágico e mitológico como os pensadores da modernidade diriam, busca conforto no Exiwá, para superação da dor por qual passa.

Texto: Lisio Lili é Coordenador das Organizações Indígenas e Presidente do Parlamento Indígena do Pantanal